APLICATIVO DE DELIVERY CRIADO EM TOBIAS BARRETO FATURA R$ 13 MIHHÕES

 Foi uma experiência pessoal que deu uma ideia de negócio para o programador Miguel Neto, 26 anos. Quando morava em Tobias Barreto, cidade no interior de Sergipe, ele gostava de pedir comida em um trailer em sua rua, mas tinha muita dificuldade em fazer o pedido. "Eu ligava insistentemente mas não conseguia falar porque eram muitas pessoas pedindo”, afirma. Lembrou-se que muitas capitais já ofereciam plataformas de delivery, mas que as regiões mais afastadas as metrópoles acabavam ficando fora da área de atendimento. Resultado: decidiu ele mesmo desenvolver um aplicativo.

 Com o amigo Danilo Souza, também da área de programação, Neto fundou a Quero Delivery, aplicativo de delivery de supermercado e restaurantes, no início de 2018. O bancário Ediberto Celestino entrou como sócio e investidor. Na pandemia, com necessidade de digitalização, o negócio teve um crescimento de 400% e fechou 2020 com faturamento de R$ 13 milhões. Atualmente, a empresa está em 13 estados, especialmente nas regiões Norte e Nordeste.

 Desde que surgiu, na cidade de Lagarto, também no interior de Sergipe, a startup focou o seu atendimento em cidades pequenas. Os empreendedores tinham de convencer os comerciantes de que o aplicativo seria útil. “Precisávamos de empresas cadastradas para lançar o app e, no início, foi muito difícil. Saímos com o notebook com uma apresentação e procuramos donos de estabelecimentos que poderiam ter interesse. Cerca de 70% deles diziam que a ideia não daria certo”, afirma Neto. No entanto, conseguiram dez parceiros e lançaram a plataforma. Foram dois meses de operação até mais restaurantes e lanchonetes comprarem a ideia.

 A principal dificuldade, segundo Neto, é criar a cultura de delivery em cidades pequenas. Para expandir para outros municípios, os empreendedores optaram pelo serviço de licenciamento, em que uma pessoa se torna responsável pela implantação da tecnologia. Neste caso, o indivíduo deve ser alguém próximo aos moradores por ter mais abertura para apresentar o produto.

 “É uma pessoa que nos representa em novas cidades e cuida de toda a parte comercial. O delivery tem essa força do local, então, é preciso ser alguém que conhece os comerciantes e sabem quem são os porta-vozes do município”, diz Neto. A primeira expansão foi em agosto de 2018, para três outras cidades no Sergipe. Em outubro, saíram do estado pela primeira vez, indo para Alagoas e Bahia.

 O empreendedor conta que, nos casos em que o responsável não conhecia bem a cidade em que o app seria implatado, a empreitada não teve sucesso.

 O crescimento mais acelerado veio na quarentena causada pelo coronavírus, quando a digitalização se tornou uma necessidade. Com mais demanda, as aberturas tinham de acontecer com dois ou três parceiros licenciados em cada município.

 Outra mudança foi que a startup, logo no começo da pandemia, fez uma parceria com o Banco BTG para intermediar empréstimos para pequenos negócios. Para isso, a Quero Delivery oferece os dados do próprio aplicativo para comprovar que os estabelecimentos geram renda e poderão pagar a dívida. Já foram disponibilizados mais de R$ 2 milhões em recursos financeiros.

 Depois de um crescimento acelerado em 2020, a expectativa é continuar com um aumento no faturamento — mas de forma mais lenta. Ainda focando em cidades do interior, a meta é faturar R$ 20 milhões neste ano e, em 2022, fechar com R$ 30 milhões.

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