Mudanças no programa habitacional Casa Verde e Amarela animam setor imobiliário

 O Conselho Curador do FGTS aprovou na manhã de quinta-feira (7) novas mudanças no programa habitacional Casa Verde e Amarela — com aumento dos limites das faixas de renda. A decisão foi recebida com entusiasmo pelo mercado imobiliário, e as medidas devem começar a vigorar no próximo dia 18.

 Já foram feitas revisões no Casa Verde e Amarela em fevereiro e maio deste ano, mas o setor imobiliário ainda ansiava por mais, para rebater o aumento de custo da construção e a perda do poder de compra dos consumidores, com a inflação alta.

 “Todos os dias, sofremos ainda os reflexos da pandemia. Esses impactos causaram um problema para quem está produzindo no mercado, que, diferentemente do médio padrão, não consegue fazer repasse de preço”, afirma Renée Silveira, diretora de incorporação da Plano&Plano, que atua no segmento. Segundo ela, as alterações vão aumentar a capacidade de compra dos clientes e a quantidade de pessoas que conseguem adquirir seu imóvel.

 Gustavo Caetano, especialista do Inter, analisa os benefícios para as incorporadoras: “Com a elevação das faixas de renda do CVA, as incorporadoras ganham espaço no aumento de preço dos imóveis vendidos, o que naturalmente trará alívio nas margens concomitante à resiliência na demanda, solucionado assim parte dos desafios existentes no segmento”.

A incorporadora Tenda afirmou em nota que as mudanças no programa “são positivas e necessárias, e ajudarão o setor a manter a sustentabilidade dos negócios”.

 Segundo Luiz França, presidente da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc), o efeito das primeiras alterações feitas no programa ainda está tímido, mas, depois do novo anúncio, haverá resultados mais positivos. “As pessoas vão poder voltar a comprar suas casas”, diz.

 A alteração, porém, não beneficia quem ganha até R$ 2.400 ao mês, foco importante do déficit habitacional brasileiro. Para Silveira, nas condições atuais, esses clientes não conseguem comprar um imóvel.

 Ainda há mais mudanças a serem aprovadas no programa, que já são consideradas como resolvidas pelo setor imobiliário. Consta na MP 1107 o alongamento do prazo de financiamento com recursos do FGTS (caso do Casa Verde Amarela e do Pró-Cotista) de 30 para 35 anos, o que reduzirá em 6% o valor de cada parcela paga.

 Outra medida é permitir que a contribuição mensal ao FGTS, de 8% do salário, seja incorporada à renda que entra no cálculo da parcela do financiamento, para ampliar a capacidade de compra. A pauta deve ser votada nas próximas semanas.

 A dificuldade do brasileiro para comprar a casa própria transparece no volume de recursos do FGTS contratados para habitação. Em evento virtual da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) para anunciar as novidades no programa, Maria Henriqueta Alves, consultora da entidade e integrante do conselho do FGTS, afirmou que apenas 38% do orçamento anual do fundo foram executados até agora, enquanto o ideal seria estar em 50%.

 “Não pode ficar orçamento sem executar, nossa reação tem que ser muito forte de agora até o final do ano”, disse.

Fonte: Valor Econômico

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